sábado, 31 de julho de 2010

Poetize-se

O sentimento maior só se revela
Quando a gente põe pra fora
No meu caso, são histórias
Cronicando o cotidiano
Versificando, às vezes

E a poesia nele é algo fundido
Faz parte, sai como saliva
Quando se menos espera
Aparecem estrofes e estrofes
De conteúdo, não são só palavras

Palavras de efeito, cheias de dor
Amor e humor, mais dor que humor
É um jeito engraçado
Ver a vida com mais dramaturgia
Ainda assim é poesia

Se há ti falta criatividade
Cabeça adolsecente tem de sobra
Musicalidade refinada
Nas palavras do autor
Que como muitos loucos custa ser entendido

Mas eu entendo, juro que entendo
Por mais poético doido que seja
Sua poesia fala por si só
Não como escrita, mas como amizade solta
Sem caneta, nem papel
Mas escrita, sim, escrita muito
Na vida, no traçado de caminhos

Está aí a razão
A poética da amizade.

Ao meu amigo, Tony Espósito.

Presente pra Roza

Ainda que eu quisesse te dizer
Não ia ter nem como explicar
Tudo que eu não seria sem você
A dor que tua saudade vai deixar

Depois de muito tempo posso ver
Ausências são a força pra lutar
Contigo do meu lado pra me defender
Nada vai mudar

Por tudo que você me fez sorrir
E eu nunca fiz questão de escutar
Um dia a recompensa há de vir
Um presente pra Roza no amanhã

Pelos muitos segredos que escondi
Pela flora de risos a brotar
Com carinho eu canto pra ouvir
E isso é pra nunca duvidar

Te amo, Roza
Roza meiga e charmosa
Te amo, Roza!

Você é quase meu bem

Tudo que eu queria mesmo era
Encostar-me ao céu pra ver o mar
O que eu queria era poder dizer que te amo
Mas eu não sei quem tu és

Tudo que a vida pode dar
É o proveito que se tira de viver
Esse pra sempre não existe
É fato enrolado e eu te pago pra ver

Mas se isso pode ser assim
Não existe aquela história de não ser
Deixe o coração levar-te ao vento
E encare de vez

Pare de ligar choroso e me diga
Que o teu amor é aquilo que é
Verdade é o que se espera
Dessa maldita tentação do prazer

E agora que acordo dessa rotina
Aguardo a mais bela e doce mulher
Que o 'te amo' seja fato marcado no peito
O que era pra ser

E que não me faltem juras de amor
Só pra ti, meu bem, que sabe quem é
O meu coração colado ao teu
De um jeito ou de dois...

Sombra

Sorrateiro no descompasso
Na parede
No chão

Sempre grudada como quem quer um abraço
Um braço
A vontade contínua que nunca aparece
O preto em único ponto no clarão

Não se cheira
Não se toca
Só se vê
E a visão só vê aquelha silhueta
Que repete os passos de quem a controla, em vão

Banco de Praça

No banco da praça não tem frescura
Senta branco, negro, pobre, rico, casal, solteiro
Deita viúvo, bêbado e mendigo
Banco de praça é o pedestal cotidiano

Banquinho cheio de ódios, amores, histórias e músicas
Violeiros de plantão, Ah, musicalidade!
Velhos quietos que pra pombo dão milho
Velhos gaiatos que pra rabo de saia dão olho

Do banco se vê tudo, se vê todos
Passam diferentes, iguais, vagabundos
Tudo pode acontecer perto de quem recosta
Debaixo da árvore, no canto do jardim
É espaço pra tudo, feito pra sentar, pra quem não quer nada

De fato, tudo se passa
No bendito banco de praça

As últimas cartadas

E agora jogador?

Todos prontos pra bater
Última rodada
Dê a sua cartada
Ou você perderá

Não exite
Apenas jogue
Os números estão ao seu favor

Pense em tudo que pensam
As jogadas que fariam
Sinta-se as cartas
Sinta-se o adversário
O oposto da mesa sobre você
Última chance de cartear a sorte

Dá tempo, compra mais uma
E trame uma nova estratégia

Único problema é acertar,
Mas jogar é preciso, está ficando tarde...

Já quando não perceber
Ou nem tiver mais vontade
Gire sua cadeira e saia
O jogo simplesmente acabou.